quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O povo quer trabalhar no núcleo, e agora?


Em regra, as ABUs locais são constituídas de núcleos e do grupo base (GB). Cada núcleo tem sua estrutura, como liderança e integrantes próprios, sendo que o grupo base (GB) é a reunião dos núcleos de uma determinada cidade. Os GBs têm fim de confraternização (fazer um churrasquinho, uma noite do pijama, campeonato de Mario Kart) e administrativo (“como faremos uma recepção dos calouros? Como faremos uma festa de despedida? Como apoiaremos a Igreja do He-man no acampamento?”). Mas, não é tarefa de hoje falar sobre GBs. Hoje trataremos dos núcleos! 
O núcleo, na grande maioria das vezes, é composto apenas de um membro formalmente atarefado: o líder do núcleo. Este líder, geralmente, coordena o que os demais integrantes farão. Se o líder for altamente concentrador, sempre temendo delegar funções, ele levará os estudos, ele representará  núcleo nos GBs, ele falará em nome da ABU na faculdade (como pedir salas), ele abrirá palestras, ele irá em reuniões regionais e nacionais da ABU. Claro, nenhum líder se considera controlador! Então, se ele perceber que está fazendo coisas de mais, ou se alguém lhe falar isso, ele certamente colocará a culpa na preguiça dos outros integrantes (o que pode ocorrer, mas eu nunca vi um grupo que ninguém quer ajudar em nada de importante).
Todavia, até o líder concentrador sabe que não pode fazer tudo, então esse delegará funções: pedirá aos demais membros que tragam o lanche ou toquem algum instrumento no louvor, se ele não souber. Esse é o tipo de delegação medíocre. No primeiro caso (lanche), o líder apenas delegou um trabalho puramente braçal, mostrando que não confia nos integrantes para coisas mais profundas (como levar estudos e liderar algumas reuniões) ou não quer deixar que os outros “apareçam” (aos outros, cabem os papeis secundários). No segundo caso (delegou louvor, por que não sabe tocar nada), o líder mostra que ele só delegou por que não conseguia fazer... se conseguisse, certamente ele faria.
Um líder que se preze tem que lutar contra sua vontade concentradora, pois ele sabe delegar funções e está sempre preocupado em envolver o núcleo, permitindo que os talentos dos demais integrantes aflorem-se. No Direito-Noturno, no ano de 2008, antes que eu o liderasse, nós preferíamos distribuir funções formalmente, tentando envolver a todos por meio da responsabilidade do seu cargo. Não era, portanto, apenas um líder, mas um grupo de líderes, evitando que concentrássemos poderes nas mãos de apenas uma pessoa. É um bom modo de tentar evitar um líder concentrador. Eram nossos cargos (já falei uma vez sobre eles):
1- Ministro da palavra: o cara que levava os estudos, que acabou virando nosso líder-mor;
2- Ministro das relações exteriores: o cara que fazia contato com o resto da ABU-BH (ou seja, ia aos GBs, aos treinamentos, repassava informações) e levava nosso nome internacionalmente (tendo capacidade de decidir questões básicas tais como pedido de salas, autorizações, convite de palestrantes – após aprovação do grupo);
3- Ministro das relações novas ou interiores: aquele que recebe, aconchega, introduz na conversa, o cara que visitava nossos integrantes, ou delegava visitas (tínhamos, como já dito no último post, um plano de visitar os membros e visitantes pelo menos uma vez por semana, em seus intervalos, para bater papo mesmo);
4- Ministro da oração do fogo do sétimo dia: ministro que cuidava das nossas reuniões de orações no sábado;
5- Ministro da propaganda (tinha esquecido desse no primeiro post): levava o nome do grupo até os confins da faculdade e – por que não?- até Venda Nova. Ele era responsável por alimentar nosso blog, nosso jornal (fazíamos um jornalzinho a cada dois meses, na verdade fizemos só uns quatro e eu nunca ajudei... veja nossas edições com a Fernanda Bittencourt), publicar cartazes, tentar divulgar a ABU em eventos na faculdade... Acho crucial ter esse cargo bem definido, pois não temos noção o tanto de pessoas que vieram reclamar comigo que só conheceram a ABU após formar na faculdade.
Os núcleos geralmente são pequenos, então não há como desenvolver uma estrutura completa e profunda como essa que havíamos desenvolvido. Mesmo que você conclua em ter apenas o líder de núcleo como cargo formal, pergunte-se sempre: o que os demais integrantes sabem fazer bem? Como elas podem me ajudar? Como posso mostrar que elas são importantes para o núcleo e, principalmente, para mim? Então passe a delegar funções importantes no núcleo (como dar estudos, liderar equipes, liderar comissões, liderar recepção de calouros).
Hoje em dia penso que o ideal seja ter pelo menos dois líderes por núcleo. De preferência um homem e uma mulher. Vejo como vantagem:
1- Evita a solidão! (todo líder se sente só, quando as dificuldades chegam)
2- Evita a tirania gospel: o líder messiânico sabe o que é bom para todos! (mais comum na ABU do que vocês podem imaginar, presente, principalmente, no argumento de autoridade: “Mas o Macumbatasarai falou isso”; “Ah tá, se ele falou”)
3- Proporciona dois líderes para aconselhamento! (já tentei aconselhar mulheres, mas homem é completamente diferente. Uma vez uma colega veio chorando que o namorado dela havia terminado. Se fosse um homem, chamá-lo-ia para jogar videogame... como era mulher, falei: “Há outros peixes no mar”. Queria ter pensado em algo melhor...)
4- Nos faz olhar para outras pessoas dentro do grupo! (evitar panelinha. Quando dei aula de teatro com a Gabriela, minha irmã, criamos uma peça de teatro que chamava Joana (referência a Jonas). Íamos escolher a menina para ser a personagem principal. Eu queria que fosse o Michel, um amigo meu, muito gente boa. A Gabriela pediu que fosse a Ana Maria. Eu nem sabia quem era ela, mas atendi o pedido... com algumas semanas de treino, percebi que era a menina mais fantástica que um professor de teatro poderia ter arrumado. Se não tivéssemos dois líderes sobre aquele grupo, acho que jamais teria visto um talento nato como aquele).
Enquanto eu liderei o grupo do Direito-Noturno-UFMG, em 2009, eu achei melhor acabar com as divisões formais que elenquei acima, sendo que cada integrante seria responsável pelo bom andamento do núcleo. Acho que isso não era ideal. Dar funções bem definidas é bom ao núcleo (ele fica mais equilibrado, pois cada um cuida de suas funções vitais) e para a pessoa que assume o cargo, pois aumenta seu senso de responsabilidade. Todavia, a ABU do ano anterior não se repetiu no ano que liderei (alguns formaram, alguns começaram com estágio, alguns tinham estudos para concursos e outros fugiram). Além disso, os novos membros estavam com medo de assumir responsabilidade em um núcleo que não conheciam (o que é normal!).
Eu tinha como meta distribuir as funções, sobretudo a de levar estudos. Acreditava que isso aumentaria a integração de todos, a noção de importância dentro do núcleo e evitaria aquele sentimento que eu tive no ano anterior a minha liderança: uma vontade desesperada de “pregar”, mas que tinha que ser abafada por que só meu líder tinha essa responsabilidade. Dessa forma, eu levaria um estudo em uma semana e outros integrantes levariam o estudo na outra semana (revezando, sempre). Pensei ainda que não adiantava delegar funções sem preparar quem as receberia, então combinei comigo mesmo que ia fazer isso depois do treinamento da cidade da ABU, onde todos eram obrigados a participar da oficina: “Como fazer um Estudo Bíblico Indutivo – EBI”. Infelizmente, só uma amiga foi nessa reunião. Então chamei minha amiga da Direito-Diurno para dar uma oficina para nosso grupo (praticamente uma aula particular). Após a reunião, passamos a fazer esse revezamento, apesar dos demais membros do grupo não tentarem aplicar o EBI em seus estudos, só “sermõezinhos” (a maioria muito bons!). O núcleo encheu naquele semestre e foi muito bom ver o envolvimento de todos.
No outro semestre do mesmo ano, decidi que eu deveria dar os estudos do núcleo - todos! Não me lembro muito bem o que estava envolvido nessa decisão controladora, provavelmente falei que era por causa dos demais integrantes não aplicarem o EBI. Atualmente, acho que fui motivado pela minha vontade de aparecer como sábio da ABU, consolidar minha liderança, meus talentos e angariar um cargo maior na ABU (estava de olho em virar diretor do nosso Grupo Base). De fato, o EBI foi mais aplicado, fui visto como único integrante do nosso grupo do direito que tinha envolvimento com a ABU-Minas, ganhei visibilidade e virei presidente da ABU-BH no outro ano... o preço que paguei foi uma ABU-Direito-Noturno que não era envolvida, com membros que eram cruciais indo embora, com desinteresse e, por fim, com a tristeza de ir em um estudo e não haver ninguém... isso já havia ocorrido outras vezes, mas, no fundo, tinha sido a primeira vez que eu sabia que a culpa tinha sido minha. Foi um dia muito triste.
Eu aprendi muita coisa com isso. Hoje, acredito que um bom líder é aquele que controla seus impulsos egoísticos de aparecer. Ele tenta capacitar os integrantes do grupo, liderando-as para melhor desenvolver suas qualidades. Isso é uma forma não só de evitar um grupo vazio, mas também de valorizar as pessoas a nossa volta, envolvendo-as no movimento e permitindo que novas lideranças surjam para dar continuidade aos trabalhos. Alguns líderes são tão personalistas que a ABU se confunde com eles, sendo que, após sua saída, o grupo tende a acabar. O desenvolvimento de novas lideranças, delegando-lhes responsabilidade, não é apenas o segredo de um grupo cheio, é, também, muito gratificante. Só dessa maneira deixaremos mais que um grupo cheio: deixaremos um legado.
No próximo post, irei falar dos cargos nos Grupos Bases.
Algum palpite?  

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O povo quer trabalhar, e agora?



Bem, já contei uma vez para vocês que o líder da ABU-Direito-Noturno-UFMG, o Erick, sumiu e por isso assumi o cargo. Hoje contarei a história de um líder antes desse, o Hank. Era um sábio, um grande homem, bondoso, preocupado conosco e pregava muito (na época não usávamos estudos bíblicos indutivos- EBI, éramos uma reprodução de uma igrejinha). Era, também, um grande teólogo e, inclusive, aprendi muito com ele. Nós o apelidamos de Cid Moreira, pois sabia a bíblia toda de cor.
Em resumo, ele era tão bom que só ele fazia tudo: ele pregava, orava, olhava o local que iríamos nos encontrar e, se precisasse, tocava violão. Ocorreu que um dia ele passou em um concurso e foi embora. Portanto, além de saber a bíblia mais do que todos, também era mais inteligente que todos. Voltamos do semestre e ficamos atordoados com a informação que nosso sábio havia saído. O grupo entrou em crise, o que faríamos? Fiquei triste e quase chorei, afinal era o líder que eu mais tinha admirado em minha vida. Achei que o grupo ia acabar... então, Presto, um aluno integrante do grupo, resolveu chamar os demais (na época 3) e dividiu algumas funções entre nós: Presto lideraria o grupo; Erick levaria a palavra (que virou meu futuro líder) e eu arrumaria uma sala e imprimiria uma propaganda sobre o grupo (o que nunca tinha sido feito).
Após duas semanas, retornamos nossos estudos, agora com a sala nova e com cartazes em toda a faculdade. A surpresa foi geral: em vez das tradicionais 4 pessoas, nosso grupo passou a contar com mais de dez pessoas!
Bem, Hank tinha sido um cara incrível e creio que será, ainda, um grande pregador. Todavia, ele havia juntado toda a responsabilidade de um grupo em suas mãos e nós, covardemente, ficamos parados admirando-o. Com sua saída, todos os integrantes do grupo se envolveram com a causa, ficamos mais integrados, mais corajosos, sentimo-nos mais importantes, conseguimos um maior envolvimento com a faculdade e, principalmente, passamos a convidar nossos amigos. Se antes Hank era responsável pela vida do grupo, no momento, todos nós éramos.
Como o leitor pode perceber, estamos tratando de divisão de funções, que é uma parte importante de qualquer liderança. Primeiro, impedimos a solidão do cume do poder (parece bobo, mas, se você se põe no alto, superior aos demais, responsável por todas as decisões, você acaba impedindo que outros se acheguem em você. A não ser que você desça até eles). Segundo, permitimos que pessoas utilizem seus dons (é bem triste se sentir subutilizado quando tem vontade de ajudar, ou se sentir fora da panelinha quando se quer trabalhar). Terceiro, possibilitamos que mais pessoas se envolvam no movimento...
Para quem não entendeu nada dessa parte
Se pensarmos que liderança é capacidade de influenciar, podemos ter ideia de um modelo que eu adaptei para vários momentos da minha vida: imagine um balde cheio. Imagine que um copo é virado lentamente sobre ele, deixando apenas que uma gota por vez pingue sobre aquele balde, criando ondas no líquido. Perto do local que cai a gota, a água irá muito para cima, todavia, com o afastamento do ponto de colisão, as águas se elevam bem menos. Agora imagine que dois copos diferentes são virados sobre o balde lentamente, sendo que as gotas caem na mesma frequência. As ondas ficarão maiores! Inclusive em locais distante dali! Dessa vez imagine mais e mais copos pingando... Bem, substitua o balde pela sua faculdade, o copo por líderes em seu núcleo e verá que, quanto mais pessoas envolvidas com seu propósito, maior será a capacidade de alcançar a sua faculdade, influenciando as pessoas ali presentes. E só há uma forma eficiente de permitir várias pessoas influenciando num determinado grupo: dividindo competências para permitir a participação de todos.
O bom líder (ou melhor, o líder “menos ruim”) é aquele que tem percepção suficiente para escolher pessoas para caminhar junto a ele. Como integrante de um grupo de ABU (principalmente liderança), devemos desenvolver os demais integrantes, dando-lhes recursos, autoridade (dentro do que você confia neles) e responsabilidade (nem de mais, nem de menos!).
Imagine uma criança. Você dará uma espingarda para ela brincar de matar passarinhos? Acho que não. Não por que não o ame, mas por que você o ama o suficiente para saber que ele não está preparado para aquilo... Agora imagine que você tem um filho adolescente, você dará para ele um brinquedo do Patati Patata para ele não se machucar? Uma grande virtude que devemos ter como liderança é capacidade de observar a realidade: não subestime o que os integrantes podem fazer, nem superestime! É perigoso nunca delegar nada de importante para os demais membros do seu grupo (como chance de levar estudo, representar o núcleo diante da escola, abrir uma palestra, cuidar de uma recepção de calouros, convidar palestrantes), pois eles nunca se sentirão verdadeiramente parte do movimento, mas meros observadores do que você faz.
Também é perigoso confiar demais. 2º Timóteo fala:  “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros”. Sempre que vou delegar funções ministeriais, tento pensar nisso:
1- Pessoas que ouviram a palavra: pessoa que meditam sobre a bíblia;
2- Homens fiéis: não namorados, não engraçados, não bonitos, não que toquem violões, não populares, não parentes. Homens fiéis a Cristo, com a grande comissão, com o movimento, com o núcleo...;
3- Idôneos: ou seja, devemos refletir sobre o caráter da pessoa que está recebendo a delegação;
4- Tenham capacidade de ensinar os outros: não é ser bons professores, mas pessoas interessadas a capacitar e envolver outras pessoas, dividindo suas responsabilidades.
Talvez possamos até levar um grupo de ABU sozinhos, mas, tenho certeza, dividir esse trabalho não é só bom para o grupo, mas fundamental para você. Então, tenha autodomínio suficiente para não se intrometer no trabalho alheio! Às vezes nem tudo sai da forma que queremos (principalmente no começo da caminhada). Contudo, quem é você para determinar a qualidade de um trabalho? Às vezes tudo sai diferente, contudo é preciso dar uma chance para que outros integrantes do grupo façam da sua maneira: dê liberdade para que cada um contribua de acordo com sua liberdade, caso isso não esteja prejudicando seu núcleo. Não faça seu modelo de ser um modelo para todos do núcleo, sempre dando palpites e querendo mudar algumas coisas. Aprenda a deixar para lá. Lembre-se da música: “We don't need no education/ We don't need no thought control/ No dark sarcasm in the classroom/ Teachers leave them kids alone/ Hey! Teachers! Leave them kids alone!/ All in all it's just another brick in the wall./ All in all you're just another brick in the wall” (Não precisamos de nenhuma educação /Não precisamos de controle mental /Chega de humor negro na sala de aula  /Professores, deixem as crianças em paz /Ei! Professores! Deixem essas crianças em paz! /Tudo era apenas um tijolo no muro /Todos são somente tijolos na parede – Vagalume.com.br).
Nunca o sabote ou critique demasiadamente, também, as pessoas que estão recebendo as delegações. Ainda mais se for de forma sarcástica (principalmente no facebook)! Quando se faz isso, está apenas deixando refletir sua enorme insegurança em relação aos seus liderados, temendo que seja sombra de algum deles (como se a ABU fosse uma competição de popularidade ou de talentos). Você delegou função por que confiou neles! Lembre-se sempre disso antes de criticá-los. Mais uma vez o profeta em inglês nos faz refletir com sua música: “When we grew up and went to school/ There were certain teachers who would /Hurt the children in any way they could (oof!) /By pouring their derision /Upon anything we did /And exposing every weakness /However carefully hidden by the kids /But in the town it was well known /When they got home at night, their fat and /Psychopathic wives would thrash them /Within inches of their lives” (Quando crescemos e fomos à escola /Havia certos professores que /Machucariam as crianças da forma que eles pudessem (oof!) /Despejando escárnio /Sobre tudo o que fazíamos /E os expondo todas as nossas fraquezas /Mesmo que escondidas pelas crianças /Mas na cidade era bem sabido /Que quando eles chegavam em casa /Suas esposas, gordas psicopatas, batiam neles quase até a morte – Vagalume.com.br).
Hoje, falei apenas sobre a importância de se delegar cargos e dividir funções em nossos grupos, respeitando a individualidade do trabalho de todos. No próximo post irei falar sobre alguns cargos da ABU, sobretudo quanto ao núcleo e à diretoria de uma cidade. Em outro poste irei tratar do problema de uma visão fragmentária do serviço na ABU.
Como podem ver, delegar funções dá trabalho, até para quem está escrevendo sobre isso...
E você, alguma sugestão?

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Todo mundo tá dando palpite na ABU e agora?


Meu primeiro post podia ser resumido em uma frase: ouça todos antes de fazer! Infelizmente, devido ao meu pouco poder de síntese, deu duas páginas. Escutar é fundamental, todavia, este post irá tratar do momento em que temos que ouvir tantas pessoas que ouvir passa a ser um problema sério.
Bem, uma coisa comum a todo ABUense é a capacidade de dar palpites. Eu mesmo, nesse momento, estou dando palpites para você... O que pode estar complicando ainda mais sua vida. Mesmo assim, continuarei a dar palpites, afinal, acho que palpitar é amar: quem ama, palpita; quem não ama, vê vídeo-show enquanto eu dou palpite. Portanto, os palpites surgem, em sua maioria, do amor das pessoas pelo que estamos fazendo, não podendo jamais ser desprezados.
Queria que fosse fácil assim, mas não é. Como líderes e integrantes ativos de uma ABU, devemos sempre temer os conselhos de antigos ABUenses. Eu sei que dessa forma estou dando um tiro no pé dos meus futuros conselhos, todavia é de regra que as pessoas que formaram e participaram da ABU tenham sonhos e desejos com a ABU de suas épocas. Aquilo que era bom! Eram sábios, engraçados, o grupo era pequeno (ou grande), havia mais confraternização... Talvez tudo isso seja verdade (ou não). Todavia, o fato é que esse tipo de comentário pode gerar uma idealização de uma ABU de outra época... Devemos entender que a ABU cresceu e envelheceu. Aquela tão sonhada ABU não mais retornará... Entretanto, tenho certeza que um dia você verá a beleza da ABU de seu momento. A ABU pode melhorar sempre, mas, tenho certeza, ela é muito boa do jeito que é... espero que possam curtir o movimento agora, enquanto estão envolvidos no mesmo, e não esperem envelhecer para ver o quanto foi bom...
Outro conselho que devemos tomar cuidado é o demasiadamente revolucionário. De vez em quando cai um líder em potencial dentro da ABU. Este, sem conhecer nossa tradição, sem conhecer o que somos, tenta trazer seus ideais, que geralmente são uma reprodução de sua igreja dentro da ABU. Claro que a ABU não deve negar a tradição de ninguém, nem ignorar conselhos, mas há um limite tênue, mas visível em longo prazo, em ser ABU e em ser núcleo de uma igreja. Dirigir um estudo é muito diferente de pregar, então devemos fugir da tentação de fazer um “sermãozinho” para os participantes. O líder do grupo de estudo não fala o tempo todo, mas conduz a discussão, fazendo com que todos participem e sejam respeitados nas suas opiniões. Uma das grandes vantagens de um estudo bíblico em pequenos grupos é que cada pessoa tem a chance de ler o texto, refletir e participar expressando sua opinião. Claro que devemos trazer coisas novas para nosso grupo de ABU, mas devemos tomar cuidado com conselhos que descaracterizam por completo o modelo de ABU que você tinha ao assumir, pois desrespeita tudo que fora feito até então.
Bem, até agora falei do problema da nostalgia dos mais velhos e da revolução dos mais novos (que tendem a reformular a ABU no molde de suas igrejas). Agora, tratarei do problema do excesso de palpites de outra forma: por que você não gosta de ouvir os outros?
Cada um tem sua resposta para essa pergunta e, em regra, ela vem de supetão: “Sou ótimo ‘ouvidor’ ”. Ninguém fala que não. Em regra, achamos que somos pessoas boas demais para ignorar os outros. Todavia, você já percebeu que em uma reunião quando alguma pessoa está falando você está anotando ou pensando em outra coisa? Ou em uma apresentação em grupo, você fica pensando em como irá se apresentar e não escuta os demais? Nestas apresentações, se alguém perguntar o nome de qualquer pessoa nova que se apresentou você se lembrará? Você não se lembra do nome dos outros por que é esquecido ou sequer deu ao trabalho de ouvi-lo? Você já pediu conselhos sobre sua ABU para alguém? Você vai a treinamentos, fala o que tinha que falar e depois vai embora, ou fica conversando no fundo? Você gosta de escrever em blogs ou no face, mas nunca leu posts de ninguém? Você fica olhando em volta quando falam com você? Alguém já lhe perguntou: “Tá me ouvindo”? Se sua resposta é sim em algumas dessas perguntas, certamente você não é um bom ouvinte. E, lembre-se, ser tímido e falar pouco não é sinônimo de ser bom ouvinte. Eu me encaixo nesse perfil e, às vezes, fico pensando por que “A Caverna do Dragão” não teve o episódio final enquanto pessoas falam comigo (sobretudo no telefone).
A segunda pergunta que deverá ser feita é: por que não sou bom ouvinte? Cada um tem seu motivo, mas eu acho que um deles tem se sobrepondo na liderança “gospel”: a tirania. Em regra, somos acostumados a crentes fantásticos! Nosso pastor é um exemplo de integridade, de bondade, de fama, de capacidade de arrumar mulheres bonitas, de ser profeta apaixonado, de oratória, de liderança e alguns ainda pregam, compõem, cantam e dançam... são grandes exemplos de vida! E nós, assim que assumimos qualquer liderança, tentamos refletir esses altos padrões de seres intocáveis. Todavia, se realmente nos julgarmos, veremos que somos incapazes de reproduzir tamanha perfeição (claro, há os arrogantes que se acham tão bons que realmente acreditam que chegaram a ser grandes exemplos... em relação a esses, este post não se aplica... só oração braba se aplica). Então, ao percebermos nossas falhas, acreditamos que somos inferiores por não conseguirmos refletir aqueles padrões irreais da igreja. Temendo que os outros percebam, uma reação natural é a defesa de qualquer crítica, evitando ouvi-la, ou desprezando, ou respondendo-a agressivamente, para que nossas falhas não sejam escancaradas aos nossos liderados: tudo passa a ser, então, do nosso jeito (o que, estupidamente, eu chamo de tirania gospel).
Para resolver este problema, primeiro devemos entender que a vida é marcada pela simplicidade. A vida verdadeira se esconde na realidade mais frágil. Os que se encantam com as sofisticações e grandiosidade de algumas igrejas atuais não conseguem enxergar a beleza que mora na coisa efêmera e defeituosa chamada ser humano. É necessário um olhar singelo para perceber a graça que há no comum. Entenda a falha humana, que você nunca será e nunca foi grandioso. Só assim você entenderá conselhos e críticas, pois elas, em regra, vêm de pessoas que querem lhe ajudar e se importam a ponto de apresentá-las. Esforce-se sempre para escutar e pensar antes de responde-las... “Por que Deus amou o mundo de tal maneira que mandou seu Filho”, “Você está em pecado diante de sua liderança” e “Jesus te ama” são boas respostas para algumas coisas, todavia não são respostas para tudo... Então pense, e evite ser agressivo com críticas e dúvidas!
Ouvir é ruim, mas é importante para se tornar um líder eficiente da ABU. Precisamos ouvir pessoas para liderá-las. Se liderar é, singelamente, influenciar, só há como influenciar se entendemos quem estamos convivendo. Um dia minha amiga chegou para mim e falou: “não aguento mais ouvir pregações sobre o filho pródigo”. Ora, a pregação do filho pródigo pode ser ótima para um recém-convertido e uma visão mais profunda será incrível até para um crente antigo, mas para uma pessoa que já vai a igreja há muitos anos ficar ouvindo sempre estudos de evangelismo talvez não seja adequado... Ouvir é fundamental, pois pode ser que seus membros estejam se sentindo só, estejam achando você muito tirano, estejam sobrecarregados, estejam apaixonados por uma menina que tem namorado... se você não perguntar, nunca vai saber. Devemos ouvir o grupo para saber discernir quais as necessidades e como resolvê-las. Saber as necessidades é fundamental, inclusive, para evitar que elas se acumulem! Diz o brocardo (um jeito chique de falar ditado popular): “Ouça os murmúrios para não ouvir, depois, os gritos”.
Saber ouvir, ainda, será uma oportunidade ótima de estabelecer uma relação de confiança e interligação entre as pessoas do grupo. O maior erro que temos como líderes é impor nossas ideias, evitando que outros se aproximem para nos ajudar. As pessoas querem ser ouvidas, pois ouvir é uma forma de respeitar e de deixar que se envolvam com o movimento. É uma via de mão dupla: quando alguém se sente compreendido, ele sente-se motivado para te compreender! É como uma pedra conversando com outra, as duas ficam estáticas... agora, se uma pedra conversa com o mar, o mar transforma ela em areia... pensando bem, essa ilustração foi horrível.
Ao se sentir respeitado, você sente importante e deseja fazer, efetivamente, parte daquele grupo. Se você se sentir desprezado, ignorado, provavelmente irá para outro local, onde faça a diferença. Ouvir, portanto, é uma forma de criar comprometimento das pessoas com a organização também.
Por fim, ouvir é a forma básica de expressar nosso amor por aqueles que lideramos. Liderar é se importar e, quando não ouvimos, não estamos apenas ignorando as pessoas, mas as estamos desprezando. O amor deveria nos capacitar para entender os outros, reconhecendo a verdadeira imagem do outro a partir de Cristo, sendo eles imagem que Jesus criou e ainda está transformando, devendo, portanto, ser respeitada. Não é isso que vemos hoje em dia em nossos núcleos e nossas relações afetivas, quando muitos relacionamentos visam à criação de nossa própria imagem na vida do outro, do que ele é e deverá ser, desrespeitando a própria subjetividade. Lembre-se que uma das melhores coisas que se pode dar a uma pessoa é a atenção, mas sempre respeitando a liberdade dela ser o que ela deseja ser, não o que você quer que ela seja.
Bem, então precisamos ouvir, certo? Mas, como? Olha, não há uma melhor forma de ouvir os membros do seu grupo do que ir até eles, em intervalos ou na hora livre, e puxar papo. Fazer reunião de confraternização também são adequadas, mas, geralmente, só vai quem já faz parte da “panela”. Em qualquer reunião individual, nunca comece apenas falando de ABU, afinal, você não pode ter apenas uma amizade profissional. Busque realmente ser companheiro. No grupo de Direito-Noturno-UFMG, nós tínhamos o “Ministro das Relações Interiores” que visitava e delegava visita para os membros do grupo (principalmente para aqueles que não tinham cargo de liderança e para os visitantes). Tínhamos algumas regras simples: 1- todo mundo deve ser visitado uma vez por semana; 2- a visita não pode ser vista pelo visitado como uma obrigação (nunca se conta que temos um plano de visitar uma vez por semana! Ministro das relações interiores é um cargo secreto); 3- nunca falemos exclusivamente de ABU; 4- nunca deixemos de falar da ABU; 5- uma pessoa nunca visita a mesma pessoa por 2 semanas seguidas.
Confesso que sou tímido e sempre decorei alguns diálogos antes de fazer essas visitas obrigatórias. Aos homens, eu sempre aparecia na sala deles e dizia: “Nossa cara, como você está? Viu o jogo do Galo?”. Com as mulheres sempre era mais difícil, pois as mulheres tem um leque de assuntos maiores, mas eu gostava de dizer: “Ei ‘She-ra’, tava andando por aqui. Como você tá? Gostando do semestre?”. Depois disso eu orava para a pessoa tomar a liderança da conversa.
Na ABU-BH, minha irmã Gab montou um esquema de ouvir os lideres de núcleos. Toda semana a Gab, que era Secretária de Oração (depois explicarei melhor essas secretarias malucas), ligava para um líder de núcleo, perguntava como ele estava, como estava o núcleo, quais os problemas estavam enfrentando, como poderíamos ajudá-los. Depois, minha irmã fazia um texto e mandava para o e-mail da ABU-BH, requerendo nossas orações. Isto parece algo pequeno, mas era fundamental para integração do grupo.
Nem sempre devemos ouvir apenas em conversas pessoais. Devemos ver se as pessoas também estão sendo ouvidas em grupos maiores, como reuniões de diretoria e, por que não, nos nossos núcleos de ABU. Uma forma que gosto de fazer é anotar o nome de todas as pessoas que estão naquela reunião. Anoto em circulo ou em quadrado, na ordem que cada um se assenta (isso ajuda principalmente se ainda não decorei o nome de alguém). Depois, marco um “tracinho” na frente do nome de cada um que toma a palavra, marcando quantas vezes ele falou na reunião. Assim, no meio da reunião tenho a ideia de quem não falou nada e de quem não deixou ninguém falar. Claro, há pessoas que não gostam de falar, então não as oprima com perguntas invasivas como: “O que você acha da dupla predestinação Calvinista?”. Todavia, mesmo essas devem ser alvo de nossa atenção, para que se sintam importantes: peça para ler algo, peça para ajudar a tomar notas, peça para orar (se ela gostar disso); faça jogos para integrar os participantes do núcleo...
E você? Tem muita gente dando palpite em sua ABU? Tem ouvido os integrantes de seu núcleo? Tem respeitado a subjetividade de cada um? Como você faz para ter certeza que todos são ouvidos? Tem algum caso para nos contar? Posta aí!

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Virei líder de um núcleo de ABU e agora?


 Há cinco anos eu me fazia essa mesma pergunta. Após um ano convivendo com um núcleo confuso, que se proclamava semi-ABU, apesar de não ter qualquer relação com o movimento (e nem gostar dele), assumi a liderança da ABU-Direito-Noturno da UFMG. Bem, não foi uma liderança formal, visto que não tivemos eleições nem uma transição de liderança... eu era a chamada liderança de fato. Ocorreu que meu líder não voltou das férias de janeiro e, após um mês, percebemos que ele não mais voltaria (apesar dele continuar indo nas aulas). Um ano depois, a ABU-BH fez a maior irresponsabilidade dos seus longos cinquenta anos de existência: fui eleito presidente da maior ABU do Brasil, na época – e acredito que ainda hoje.
Minha segunda posse, agora como presidente, foi meio perdida também. O antigo presidente me ajudou muito na época (se elegendo, inclusive, tesoureiro da ABU-BH), mas a sensação de que não fazia a mínima ideia do que estava fazendo esteve presente por bons 3 ou 4 meses de meu “mandato”... Quis mudar coisas que não devia, ignorei pessoas que não devia, ouvi pessoas que não devia, e acabei devendo àqueles que realmente devia. Agora, após vários anos de ministério, acredito que posso refletir melhor sobre meus erros e acertos, mesmo que os últimos tenham sido mínimos.
Ao assumir um novo cargo em sua ABU, creio que seja comum as seguintes perguntas: “será que vou fazer algo de bom? Será que sou capaz? Será que tenho boas ideias? Será que vai dar certo?”. Essas perguntas e muitas outras podem vir de dois motivos, sendo os dois comuns.
As perguntas, primeiramente, podem vir da preocupação sobre o ministério que você está para assumir. Isso é bom, pois reflete seu amor por seu ministério e revela a sua preocupação com ele.
O segundo motivo que fará você se perguntar a respeito disso é comum, mas emerge do egocentrismo cristão: não estamos mais preocupados com a obra, com o fazer a ordenança de Cristo, mas em sermos os escolhidos que fizeram a diferença. Portanto, este motivo egoísta reflete nossa preocupação não com o evangelho de Cristo, mas com nossa própria imagem e desespero de estar frente aos holofotes. Ao assumir um cargo na ABU, pense sempre: para quem estou fazendo tudo isso? Colocar Cristo no centro é a única forma de levar o cristianismo com pureza às nossas faculdades. Se colocar-se no centro, por outro lado, além de fazer gerar estas perguntas egoístas, gerarão padrões seculares ao seu grupo de ABU: “nossos GBs estão cheios? Nossos núcleos estão se reproduzindo? As pessoas têm me visto? Sou um grande líder? Como a ABUB vê meu núcleo? Será que a ABU tem reconhecido tudo que estou fazendo?”... Ser antropocêntrico não impede você de fazer coisas grandiosas (na vista dos outros), mas você passa a fazer pelo motivo errado.
Após refletir sobre seus atos (cuidado, pois adoramos dizer que tudo é para Cristo, antes de realmente refletir sobre nossos motivos!), devemos buscar algumas informações acerca do núcleo. Converse com os ex-líderes, ex-integrantes, integrantes atuais e, principalmente, com integrantes do meio acadêmico em que você se insere (afinal, eles devem ser seu alvo). Faça, assim que possível, reuniões individuais (reuniões é jeito de dizer, mande um e-mail, ou um post no face, ou pague um lanche) e busque informações que achar necessárias, dentre as quais talvez seja interessante responder as seguintes perguntas:
1- Como somos vistos dentro de nossos muros universitários? Um grupo de lunáticos que não pensa? Ou talvez um grupo de intelectuais alheios às preocupações universitárias?
2- Como temos recebidos nossos integrantes e visitantes? Temos consciências que Deus nos chamou para levar sua palavra para eles ou temos usado a ABU como um grupo de amigos (vulgo panela) ou uma forma de autopromoção (e, por que não, arrumar namorada)?
3- O que preciso saber sobre esse grupo de ABU? (há muitas coisas nas entrelinhas que não conseguimos compreender. Um exemplo: minha amiga gostava de me ajudar no núcleo da ABU-Direito e sempre admirei sua capacidade de liderança. Um tempo depois ela sumiu. Pedi a uma amiga que conversasse com ela, que justificou sua prolongada ausência: “Eu só ia à ABU por que estava afim do He-man (nome fictício), você sempre soube que tinha começado a ir lá por causa dele! Mas ele formou...” Assim, perdemos nossa futura líder)
4- O que fazemos bem como grupo da ABU?
5- O que fazemos mal como grupo da ABU?
6- Quais problemas temos que resolver com certa urgência?
7- Qual a nossa relação com a liderança da ABU?
8- O que você espera de mim?
8- Como você pode me ajudar nisso?
Todas essas conversas devem ser objeto de anotações, para que, depois, quando estiver sozinho, escreva sobre os pontos levantados, de acordo com sua capacidade de entendimento de cada um dos problemas enfrentados e de como resolvê-los.
Em par dos problemas, dificuldades, entrelinhas e coisas boas, está na hora de sonharmos com uma ABU melhor. Sonhar é uma capacidade de pensar em algo que pode nunca se realizar, então, tome cuidado... Tem gente que sonha de mais, por isso nunca está realizado; tem gente que sonha errado, por isso nunca SE realiza; tem gente que não sonha, por isso nunca sai do lugar. Tenha um sonho modesto, focado, principalmente, no bem do grupo e como interagi-lo com seu propósito. E cuidado com sonhos megalomaníacos, que desrespeitem o movimento e tudo que foi até então criado. Às vezes, tentando resolver problemas do movimento, acabamos por descaracterizá-lo, desrespeitando as pessoas que nos antecederam e afastando-as. Por isso, primeiro entenda o grupo, como ele se encontra e, só depois, sugira algo com toda humildade possível, sabendo que, talvez, o melhor seja você ser ignorado.
Marque, então, uma reunião com os líderes em influência daquela ABU (ou seja, pessoas mais envolvidas, ou que já tiveram envolvidas com o movimento). Faça uma reunião informal (se possível em sua casa, ou casa de alguém, ou em uma lanchonete) e avise o tema: “planos para 2013”. Tá aí a oportunidade de mostrar seus sonhos e ouvir sonhos alheios: todos devem estar conscientes do que deve ser feito e acreditar no que será feito!
Lembre-se que, antes de tomar qualquer decisão, você deve ouvir as pessoas que estão próximas e que serão afetadas por aquilo que você deseja fazer. Se impuser seu ponto de vista sem sequer ouvir opiniões diversas, você não poderá contar com a parte mais importante do seu trabalho: o comprometimento de toda a equipe. Se ouvir mais suas ideias do que seus amigos, você poderá terminar sua liderança só com elas.
Por fim, falta uma coisa muito importante e que deve ser feito desde o início: dividir funções. Delegar funções é uma parte importante de qualquer liderança. Primeiro, impedimos a solidão do cume do poder (uma coisa comum, quando se vira líder, é achar que pode fazer tudo e que, para ser bem feito, você deve participar... cuidado com a vaidade, que nos afasta das demais pessoas para um culto incessante a nos mesmos). Segundo, permitimos que pessoas utilizem seus dons (“poxa, se tem um cara que é contador, entende tudo de economia, é envolvido com o movimento, por que ele não pode ser nosso tesoureiro? Por que tem que ser eu, que faço história?”). Terceiro: possibilitamos que mais pessoas se envolvam no movimento... Como dizia o tio Bem: “Grandes poderes trazem grandes responsabilidades”.
Cada grupo tem sua característica e, por isso, cada um deve ter suas funções definidas por ele mesmo (olhe no estatuto da ABU sobre cargos obrigatórios). Na ABU-BH, delegamos funções da seguinte maneira: Presidência; Vice-Presidência; Secretaria; Tesouraria; Secretaria de Comunicação e Literatura; Secretaria de Apoio a ABS. Caso seu grupo seja menor, ou maior, talvez outras funções devam ser levantadas. Na época que liderava o núcleo do direito tínhamos a seguintes funções:
1- Ministro da palavra: o cara que levava os estudos;
2- Ministro das relações exteriores: o cara que fazia contato com o resto da ABU-BH (ou seja, ia aos GBs, aos treinamentos, repassava informações);
3- Ministro das relações interiores: o cara que visitava nossos integrantes, ou delegava visitas (tínhamos um plano de visitar os membros pelo menos uma vez por semana, em seus intervalos, para bater papo mesmo – inclusive, evitando conversar exclusivamente sobre a ABU. Os visitantes, claro, também deveriam ser visitados);
4- Ministro da oração do fogo do sétimo dia: ministro que cuidava das nossas reuniões de orações no sábado.
Como pode ver, éramos meio zoados. Farei outro poste sobre delegação de funções, mas fica a dica por enquanto...
E você, o que fez ao assumir sua ABU? Tem alguma boa ideia? Alguma dúvida? Alguma história? Tá perdido? Conte aí!