Parabéns! Que ótimo que Deus tem colocado essa vontade em
seu coração. Em regra, ela pode vir de duas formas diferentes:
1- Minha cidade tem uma diretoria de ABU há alguns anos,
sendo que eu almejo alcançar um cargo nela.
Poxa, isso é bacana! Quando queremos participar de uma
diretoria já montada, devemos ver qual o processo de entrada nessa diretoria,
que, na grande maioria das vezes, é um processo de eleição.
Para fazer parte de uma diretoria, devemos ter certa
experiência cristã (não necessariamente ser teólogo!), ter comunhão com uma
igreja evangélica local (a ABU não é igreja!), ter uma experiência pessoal no
Movimento (na boa, mesmo que a pessoa seja super gente boa, bonita, talentosa,
não faça que ela caia de paraquedas no meio de uma diretoria, seria injusto com
ela e com a demais pessoas do movimento). Claro, os membros de uma diretoria da
cidade devem ainda evidenciar em suas vidas o fruto do Espírito Santo (segundo
Gálatas 5:22-23) e se identificar perfeitamente com os objetivos da ABUB, bem
como suas BASES DE FÉ, que são:
“a) A existência de um só Deus, Pai, Filho e Espírito Santo,
Um em essência e Trino em pessoa; b) A soberania de Deus na Criação, Revelação,
Redenção e Juízo Final; c) A inspiração divina, veracidade e integridade da
Bíblia, tal como revelada originalmente, e sua suprema autoridade em matéria de
fé e conduta; d) A pecaminosidade universal e culpabilidade de todos os homens,
desde a queda de Adão, pondo-nos sob a ira e condenação de Deus; e) A redenção
da culpa, pena, domínio e corrupção do pecado, somente por meio da morte
expiatória do Senhor Jesus Cristo, o Filho encarnado de Deus, nosso
representante e substituto; f) A ressurreição corporal do Senhor Jesus Cristo e
sua ascensão à direita de Deus Pai; g) A missão pessoal do Espírito Santo no
arrependimento, na regeneração e na santificação dos cristãos; h) A
justificação do pecador somente pela graça de Deus, por meio da fé em Jesus
Cristo; i) A intercessão de Jesus Cristo, como único mediador entre Deus e os
homens; j) A única Igreja, Santa e Universal, que é o Corpo de Cristo, à qual
todos os cristãos verdadeiros pertencem e que na terra se manifesta nas
congregações locais; k) A certeza da segunda vinda do Senhor Jesus Cristo em
corpo glorificado e a consumação do Seu reino naquela manifestação; l) A
ressurreição dos mortos, a vida eterna dos salvos e a condenação eterna dos
injustos.”
2- Minha cidade não tem uma diretoria de ABU, portanto,
planejo abrir uma.
Poxa, isso é mais bacana ainda! Todavia, mais burocrático.
De acordo com o Estatuto da ABUB, para serem arroladas na
ABUB, as ABU, ABS e ABP deverão pedir o seu ingresso, declarando que conhecem e
aceitam as BASES DE FÉ e o Estatuto da ABUB (nunca achei o Estatuto no site da
ABUB, mas eu tenho ele no meu arquivo, se quiser é só pedir).
A ABUB, em sua Assembleia do Congresso, é competente para
deferir ou indeferir pedidos de arrolamento. Somente serão recebidas para
arrolamento as ABU, ABS e ABP que estiverem regularmente em funcionamento por
um período mínimo de seis meses e que tenham um estatuto próprio (a ABUB
disponibiliza um modelo de estatuto, então é só mudar o nome e preencher os
tracinhos, ou seja, level Banana de Pijamas:
http://www.abub.org.br/recursos/2010/03/modelo-de-estatuto-de-grupo-local).
Assim, aceito, você terá criado sua própria ABU! Mas, há
ainda uma regra no estatuto que impede a criatividade gospel de se aflorar: não
podemos chamar nossa ABU de ABU PUC para Cristo; ou ABU da UFMG do sétimo dia;
ou ABU do cuspe santo de Jesus... Nada disso! De acordo com o estatuto da ABUB,
sua ABU passara a chamar: ABU nome da cidade, como ABU-BH; ABU Ouro Preto; ABU
Anápolis. Excepcionalmente a associada poderá adotar outro nome diferente,
porém, para esses casos deverão ser apresentadas as justificativas para a
aprovação ou não do Conselho Diretor da ABUB... ou seja, dá mais trabalho
ainda.
Enfim, seja pela primeira opção (participar de uma ABU já
feita) ou pela segunda (criar uma ABU em nossas cidade), você esta de parabéns!
Mas, lembre-se, participar de uma diretoria exige, primordialmente, fidelidade!
Não há nada mais vergonhoso que um membro da diretoria que não vai a nenhum
núcleo e não vai a GBs. Claro, sempre há desculpa para faltar em encontros,
todavia, a maioria das pessoas exagera. Alguns não vão por monografia, não vão
por que estão em véspera de prova, não vão por que é aniversário do amigo, não
vão porque a semana foi cansativa... acredito que é uma questão, na maioria das
vezes, de prioridade: se você não pode tirar 2 horas quinzenalmente para ir a
um GB, ou para ir a uma reunião de diretoria, acho que está na hora de rever se
esse realmente é seu ministério.
Eu já fui membro da diretoria e líder de núcleo. Não sou um
exemplo, mas sei como cansa ir em todos os GBs e reuniões de diretoria. Mesmo
assim, só faltei em duas reuniões durante todo o ano que fui presidente da
ABU-BH: faltei por que estava muito triste por ter perdido uma pessoa querida
na semana dessas reuniões. Na outra, já estava lá de novo, mesmo trabalhando muito
(eu era monitor da UFMG em duas matérias diferentes, fazia estagio e tava
fazendo monografia), nunca mais me vi diante de um bom motivo para faltar em um
GB.
Eu não sei por que as pessoas cansam tanto de uma obrigação
tão pequena como ir ao GB. Tenho pra mim que alguns líderes das ABUs da cidade
acabam fazendo coisas de mais. É bem verdade que sua boa vontade contagia a
todos, mas também é verdade que raramente eles conseguem fazer tudo que se
propuseram a fazer em longo prazo... ocorre a famosa fadiga ABUística, bem
comum, principalmente que tratamos de um movimento de Estudante alcançando
Estudante, não de missionários de tempo integral ou pastores alcançando
estudante. Muitos estudantes empolgados passam por um ciclo comum: o primeiro
semestre na liderança da ABU de sua cidade é movido com pura empolgação, mas
muita reprovação na faculdade; um segundo semestre de afastamento do movimento
para cuidar de sua vida profissional que ele tinha escambado; por fim, um ano
sem nem ver o que é ABU.
Há, também, muitas pessoas que são talentosas e
supervalorizam isso em demasia. De certo, são esses os membros que mais dão
trabalho em nossas ABUs. Enquanto o primeiro grupo tente a se cansar, estes,
normalmente, tendem a se valorizar, se colocando em todos os pontos chaves do
movimento. É a famosa síndrome, que eu acabei de inventar, do “sem eu, nada
anda”. Além de serem personalistas, eles tendem a supervalorizar seus dons, em
detrimentos de seu caráter. Nossos dons não podem tornar maior do que nos
mesmos e do que nossa vontade de crescer, nunca! Assim, esses membros tentem a
parar de ir aos núcleos e aos GBs por duas coisas: 1- eles não vão quando não
são figuras cruciais no GBs ou em qualquer reunião, ou seja, só vão se são
chamados a falar, se vão discutir algo que ele incluiu na pauta, ou se ele tem
oportunidade de mostrar seu talento; 2- eles param de ir quando começam os
conflitos em torno deles, pois a supervalorização de seus dons impediram que
moldassem seu caráter.
Talvez você não tenha entendido o que eu disse, o que é
normal, afinal, nem minha noiva me entende de vez em quando. Acho que uma boa
história poderia abrir nossa mente para isso... infelizmente, para o blog, essa
história não aconteceu na ABU, então não deveria nem contá-la, mas irei mesmo
assim: conheci um pastor muito engraçado e carismático, certa vez. O problema é
que ele tinha pouco conhecimento: era afilhado do pastor superior de uma
igreja, mas não tinha curso de teologia, nem estudava muito, ou seja, parecia
que ele tinha estacionado e estava satisfeito com tudo. Talvez até acreditasse
mais no poder transformador de suas palavras em vez do poder dos evangelhos –
bom, pelo menos a bíblia tinha virado um mero pano de fundo da pregação, era
constantemente extrapolada em piadas e frases belas, mas puramente de autoajuda
(à lá Rock Balboa).
A igreja cresceu nos primeiros meses e o culto se encheu...
todavia, ele se apoiou no carisma e se afogou na falta de conhecimento e uma
teologia rasa: o evangelismo é essencial, mas a Igreja pedia aprofundamento na
fé. Em resumo, após muitas brigas ele foi substituído, claro, não antes de
acusar o “demônio” por estar levantando pastores mais velhos para trazer
inimizade à mocidade. De repente, o carismático pastor foi embora, sem nem se
despedir da mocidade q ele tanto “amava”...
Um bom diretor da cidade, seja o cargo que for, não é aquele
com gás total, nem aquele que se acha supertalentoso, pois ambos tendem a
abandonar o trabalho da ABU a longo prazo. Um bom ABUense é aquele que tem
consciência dos seus dons, daquilo que Deus lhe deu de singular e busca a todo
tempo desenvolvê-los, mas também tem consciência da sua essência depravada e
pecaminosa. Ele busca, acima de tudo, ser fiel a Cristo, aos outros e ao
Movimento.